Em um passado distante, ecos do futuro

Apesar do nome non-sense, Bubblegum Crisis OVA permanece um dos animes mais memoráveis da minha experiência de fã. Os character designs de Kenichi Sonoda; a riqueza de referências (Neuromancer, Blade Runner, Terminator, todo o credo cyberpunk aparece lá); e especialmente, o ritmo essencialmente musical do roteiro, com sequências que remetem a filmes como Ruas de Fogo, ou mesmo Flashdance – tudo isso se combina em um todo coeso, resultando em uma série incrivelmente apaixonante.

Muito disso ainda é válido para Bubblegum Crisis Tokyo 2040 – mas como muitas séries da época, a série de TV também sofreu com as sequelas deixadas pelo colapso emocional coletivo mais conhecido como Evangelion. O ritmo e (apesar da ausência dos character designs originais) a estética tecno-pop continuam lá, e o maior espaço dado ao desenvolvimento dos personagens certamente é bem-vindo; mas o roteiro inchado de baboseiras psico-paranormais afasta-se desnecessariamente da simplicidade do original, roubando à franquia a chance de um final definitivo e realmente satisfatório.

Mas o mais curioso é perceber como o pop setentista dos OVA’s envelheceu melhor que o tecno-folk da série de TV. Não é que a trilha sonora desta última seja ruim, longe disso; mas a exemplo das próprias séries, a trilha sonora daquela tem uma batida clássica, atemporal, enquanto a desta soa como uma rua sem saída – um desenvolvimento sem continuação.

Na disputa pela melhor distopia, o futuro mais antigo leva a melhor.

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